terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A TODOS OS EXPEDICIONARIOS QUE CONCLUIRAM MISSÕES TTT





DESAFIOS  -  MISSÕES


A GRANDE AVENTURA FOI SUCESSO 
Máquinas e Homens» exaustos e cobertos de pó mas exuberantes de alegria com a satisfação de ter sido superado mais um grande desafio e concluída mais uma Missão com pleno sucesso, estão já de volta ao seu quotidiano. 

É tempo de avaliar todo o esforço da preparação, a determinação de vencer carências e dificuldades, o enfrentar das imprevisíveis situações que já se adivinhava virem a surgir. 

Mais penalizante que os 46ºC, a passagem das diversas fronteiras, o carimbar dos passaportes, pagar, pagar, pagar sempre e tudo, o controle policial, as metralhadoras apontadas, a caça ao dinheiro pelo velho truque do excesso de velocidade ou falta do cinto de segurança, evitar o vasculhar dos carros, a deficiente ou fraudulenta emissão de documentos, tudo conduz a um desgaste quase exasperante dos expedicionários. 

Valeu a pena! 

Fizeram-nos sentir insignificantes, foi apontada a exiguidade da nossa ajuda perante as imensas carências daquele País, mas o «nada» que nós levámos seria muito se somado a muitos «nadas» de quem nos critica. E esse «nada», arrastado através de uma Africa voraz de todos os bens materiais, foi, para quem não despiu a camisola antes de a ter vestido, compensação suficiente para riscos e cansaço. 

Num espaço limpo e acolhedor são acolhidos doentes com HIV, tuberculose e lepra; se uns conseguem ainda ser curados ou minimizado o seu sofrimento, outros encontrarão o seu fim com dignidade e menos dor. 

Nós vimos, nós estivemos LÁ, acompanhados pelas nossas Irmãs Franciscanas Hospitaleiras. Estas mulheres notáveis pela sua abnegação pouco mais podem fazer que gerir as suas escolinhas, alfabetizar uma multidão de meninos e meninas e apoiar as famílias das «tabancas» ao seu redor com o muito pouco que vão conseguindo angariar. 

É confrangedor avaliar os desperdícios de uma sociedade de consumo perante a míngua de seres humanos num país onde os animais de alimentam de papel e sacos de plástico. Por «nada» que seja, fica o desafio para juntar muitos «nadas» e multiplicar a entrega de bens essenciais a estes voluntários para que consigam realizar «os seus milagres» menos penosamente. 



Muitas «aventuras no fio da navalha» levaram a, por um lado, não temer em demasia as eventualidades de maus encontros, por outro, observar rigorosas normas de circulação nas zonas reconhecidamente mais perigosas ou, se possível, contorná-las.

Alguém de quem viajou comigo, alguém que ler esta mensagem, vai sentir a consciência abanar por ter 'criticado'

«circular em fila pirilau»
(os reféns viajavam numa viatura que se tinha atrasado da caravana)

«todos os tripulantes serem obrigados a permanecer nas viaturas, estas coladas umas às outras e o condutor no seu posto de condução em todos os controles policiais ou fronteiriços.»
(incidentes passados orientam estas instruções)

« Proibir o afastamento da caravana de viaturas com condutores menos experientes»

-«Quando em pleno Sahara a sul de Merzouga e para lá do Erg Chebi»
(a fronteira com a Argélia é ali, mais metro menos metro de areia, toda cor de rosa, toda igual quer seja Marroquina ou Argelina mas os militares percorrem-na incessantemente em potentes motas com side-car e metalhadora fixa)

-«Quando no Sahara Ocidental»
( os guerrilheiros da Frente Polisário não têm o hábito de se fazerem anunciar)

- «Mauritânia, Senegal ou Gâmbia»
( o que à primeira vista nos pode parecer uma patrulha regular pode ser uma emboscada de guerrilheiros ou salteadores. Cabe a 'olhos' experientes avaliar de relâmpago se deve parar
ou, pelo contrário, acelerar a fundo mesmo com risco de receber uma rajada de chumbo).

Isenção de riscos? claro que não! mas
viver não será já de si um grande risco?
Vamos desistir por isso? Claro que não!

Reitero aqui o meu manifesto e reconhecido «Maufeitio» mas

espero continuar a ter Expedicionários confiantes e de coragem para continuar
a ir «bem longe ajudar quem mais precisa»