terça-feira, 22 de dezembro de 2009

A TODOS OS EXPEDICIONARIOS QUE CONCLUIRAM MISSÕES TTT





DESAFIOS  -  MISSÕES


A GRANDE AVENTURA FOI SUCESSO 
Máquinas e Homens» exaustos e cobertos de pó mas exuberantes de alegria com a satisfação de ter sido superado mais um grande desafio e concluída mais uma Missão com pleno sucesso, estão já de volta ao seu quotidiano. 

É tempo de avaliar todo o esforço da preparação, a determinação de vencer carências e dificuldades, o enfrentar das imprevisíveis situações que já se adivinhava virem a surgir. 

Mais penalizante que os 46ºC, a passagem das diversas fronteiras, o carimbar dos passaportes, pagar, pagar, pagar sempre e tudo, o controle policial, as metralhadoras apontadas, a caça ao dinheiro pelo velho truque do excesso de velocidade ou falta do cinto de segurança, evitar o vasculhar dos carros, a deficiente ou fraudulenta emissão de documentos, tudo conduz a um desgaste quase exasperante dos expedicionários. 

Valeu a pena! 

Fizeram-nos sentir insignificantes, foi apontada a exiguidade da nossa ajuda perante as imensas carências daquele País, mas o «nada» que nós levámos seria muito se somado a muitos «nadas» de quem nos critica. E esse «nada», arrastado através de uma Africa voraz de todos os bens materiais, foi, para quem não despiu a camisola antes de a ter vestido, compensação suficiente para riscos e cansaço. 

Num espaço limpo e acolhedor são acolhidos doentes com HIV, tuberculose e lepra; se uns conseguem ainda ser curados ou minimizado o seu sofrimento, outros encontrarão o seu fim com dignidade e menos dor. 

Nós vimos, nós estivemos LÁ, acompanhados pelas nossas Irmãs Franciscanas Hospitaleiras. Estas mulheres notáveis pela sua abnegação pouco mais podem fazer que gerir as suas escolinhas, alfabetizar uma multidão de meninos e meninas e apoiar as famílias das «tabancas» ao seu redor com o muito pouco que vão conseguindo angariar. 

É confrangedor avaliar os desperdícios de uma sociedade de consumo perante a míngua de seres humanos num país onde os animais de alimentam de papel e sacos de plástico. Por «nada» que seja, fica o desafio para juntar muitos «nadas» e multiplicar a entrega de bens essenciais a estes voluntários para que consigam realizar «os seus milagres» menos penosamente. 



Muitas «aventuras no fio da navalha» levaram a, por um lado, não temer em demasia as eventualidades de maus encontros, por outro, observar rigorosas normas de circulação nas zonas reconhecidamente mais perigosas ou, se possível, contorná-las.

Alguém de quem viajou comigo, alguém que ler esta mensagem, vai sentir a consciência abanar por ter 'criticado'

«circular em fila pirilau»
(os reféns viajavam numa viatura que se tinha atrasado da caravana)

«todos os tripulantes serem obrigados a permanecer nas viaturas, estas coladas umas às outras e o condutor no seu posto de condução em todos os controles policiais ou fronteiriços.»
(incidentes passados orientam estas instruções)

« Proibir o afastamento da caravana de viaturas com condutores menos experientes»

-«Quando em pleno Sahara a sul de Merzouga e para lá do Erg Chebi»
(a fronteira com a Argélia é ali, mais metro menos metro de areia, toda cor de rosa, toda igual quer seja Marroquina ou Argelina mas os militares percorrem-na incessantemente em potentes motas com side-car e metalhadora fixa)

-«Quando no Sahara Ocidental»
( os guerrilheiros da Frente Polisário não têm o hábito de se fazerem anunciar)

- «Mauritânia, Senegal ou Gâmbia»
( o que à primeira vista nos pode parecer uma patrulha regular pode ser uma emboscada de guerrilheiros ou salteadores. Cabe a 'olhos' experientes avaliar de relâmpago se deve parar
ou, pelo contrário, acelerar a fundo mesmo com risco de receber uma rajada de chumbo).

Isenção de riscos? claro que não! mas
viver não será já de si um grande risco?
Vamos desistir por isso? Claro que não!

Reitero aqui o meu manifesto e reconhecido «Maufeitio» mas

espero continuar a ter Expedicionários confiantes e de coragem para continuar
a ir «bem longe ajudar quem mais precisa»



terça-feira, 26 de maio de 2009

AMIGOS SEMPRE

Lindo! Recebido de um GE não posso deixar de partilhar com quem visitar o meu blogue.

Gostou? assina por baixo, num comentário

Lê com calma... 



Podes não dar conta, mas é 100% verdade:  
 

1. Há pelo menos 2 pessoas neste mundo por quem morrerias


2. Pelo menos 15 pessoas nesse mundo amam-te de alguma forma.


3. A única razão pela qual alguém te odeia é porque ela quer ser exatamente igual ti. 


4. Todas as noite alguém pensa em ti antes de dormir.



5. És o mundo para alguém...


6. Alguém que tu nem sabes que existe te ama.


7. És especial e única...


8. Quando cometes o pior erro que possa existir, sempre aprendes algo de bom.


9. Quando pensas que o mundo te virou as costas, olha melhor...


10. Lembra-te sempre dos elogios que recebes. Esquece os comentários ruins.


Abreijos... 

domingo, 24 de maio de 2009

VI Missão Humanitária à Guiné-Bissau

 

VI Missão Humanitária à Guiné-Bissau

 

«Agitam-se consciências, alteram-se procedimentos normalizados, angariam-se géneros e medicamentos que o nosso comércio rejeita (por exemplo por ter um prazo de validade relativamente curto - às vezes um ano). Esses bens de primeira necessidade vão suprir, durante algum tempo, carências de muitas pessoas que vivem abaixo do limiar da sobrevivência, sem prejuízo de qualquer economia empresarial.
Para termos a certeza de que tudo chega ao destino programada, somos nós que vamos até lá.»

 

 

Um grupo de 21 voluntários, 8 jipes e um furgão, que em 21 dias se propõem percorrer 10 mil quilómetros para fazer chegar medicamentos, comida, brinquedos e roupa à Missão Católica de Cumura e às Irmãs Hospitaleiras de Bissau.

Pelo sexto ano consecutivo AMI, Turma Todo-o-Terreno e Instituto Luso-Árabe para a Cooperação são aventureiros da solidariedade.

 

OS PARTICIPANTES

 

Foram surgindo regularmente mostrando interesse, fazendo perguntas, disponibilizando-se para ajudar a concretizar a Missão.

 

Através da AMI, surgem 2 jovens de uma turma finalista da Escola de Sta. Maria de Sintra interessados em fazer um trabalho colectivo sobre voluntariado.

 

Troca de e-mails, entusiasmo em crescente, apoio muito válido da professora da área a que o trabalho respeita, projectado para a direcção do conselho executivo da escola.

Posteriormente apresentado à DREL que convoca uma reunião para aplaudir e também apoiar o projecto.

Mobiliza-se a Turma, a escola, outras escolas – estão envolvidas centenas de pessoas e o projecto avança em definitivo.

Os pais de um dos alunos participantes também adere ao projecto e decide viajar com a Missão.

Faz-se uma selecção preliminar de participantes que se reúnem, parte em Tomar, outros no Porto.

 

Não vão poder ser aceites todas as inscrições mas mesmo assim cria-se um ‘convoi’ assustador – 9 viaturas e 21 pessoas.

 

Não é fácil coordenar ao longo de mais de 10.000 kms uma coluna tão grande, atravessar cidades, ultrapassar semáforos sem deixar ninguém para trás.

Não é fácil manter as pessoas atentas ao carro que as segue (condução à vista) porque a tentação é correr atrás do carro da frente.

Lembrar de acender os ‘médios’; às vezes só pelos faróis se consegue perceber se a coluna está completa.

Fazer aceitar longas paragens nas fronteiras; não pode ser tão rápido como desejado registar e carimbar 21 passaportes na Polícia – registar e fazer documentos de trânsito das viaturas nas Alfândegas. Tenta-se obviar a demoras maiores com a apresentação de «fichas de polícia» contendo todos os dados requeridos sobre todas as viaturas e participantes.

 

 

A convivência durante vários dias entre pessoas com os mais diversos níveis e formas de ser também nem sempre é pacífica especialmente para ‘aqueles’ que se apresentam muito ‘envernizados’ mas só conseguem fazer resistir o verniz algumas hora.

 

Faz parte das Normas da TTT  um calendário de jornadas nacionais a ser cumprido por todos os participantes. Mostrou-se negativo o ignorar desta norma porque ninguém se conhecia, não se avaliou a condição das viaturas nem as capacidades de condução dos participantes. Não foi de todo grave, mas podia ter sido.

 

De todas as acções tiram-se sempre lições. Desta Missão tiraram-se muitas.

CRONICA DA IDA


INTRODUÇÃO

Mais de um mês passado desde o regresso a Portugal do grupo que alguém chamou de Missionários. Lembrando os participantes da que foi a 5ª Missão 2008
e a forma como a viagem decorreu, precisei arrefecer. Se escrevesse 'a quente' chamaria, como se diz, os bois pelos nomes o que não seria bonito nem prestigiante para ninguém.

A frio, acho que vou conseguir dizer tudo para quem tem «rabo de palha» mas sem deixar lugar a acusações ao meu julgamento e àquilo que vi.

Críticas? Muitas! Construtivas? Nenhuma!

Alguém escreveu: «Ajudas futuras… mas para escolas públicas e para o hospital público Simão Mendes, talvez mais necessitados mesmo
Serão sempre talvez mais necessitados mesmo. Qualquer ajuda que não seja entrega a uma gestão séria e regrada será perda de tempo e de esforço porque nunca serão os mais desfavorecidos a beneficiar --- desculpe-me o ‘autor’ por apontar aqui a sua absoluta ignorância.
Hospital de Cumura, Escolas de Bissau das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras e Missão de Antula, entidades de referência e de reconhecido mérito na solidariedade social. 



CRONICA DE UMA VIAGEM
Os leitores mais atentos de «crónicas de viagem» procuram identificar situações menos previsíveis, desafios e dificuldades embora, a componente de ‘literatura cor de rosa’ relatando amores de desamores de grupos heterogéneos vivendo muitos dias em comum, nem sempre na forma mais coerente e urbana, também mereça o seu interesse.

A responsabilidade de relatar a «visão feminina» da Missão foi confiada à nossa companheira CRISTINA MONTEIRO pela VISÃO


A 6ª Missão representou impacto mediático muito forte e um ‘convoi’ de 9 viaturas e 21 participantes a deslocar-se 21 dias por África até à Guiné-Bissau foi uma força de intervenção quase inatacável.
Mas os desafios estão lá, as barreiras burocráticas e policiais, cada ano com ardis mais sofisticados e inovados. No terreno, algumas melhorias mas não as suficientes para poupar mecânica das viaturas e espírito dos participantes.



O primeiro dia foi duro e comprido mas fácil. Vencer quilómetros a atravessar Portugal e Espanha até Tarifa. Sem incidentes, o embarque e piquenique a bordo e o desembarque no reino de Marrocos.


A primeira fronteira e o primeiro desafio. Nove viaturas carregadas para além do possível, recheadas de cobiçados bens de primeira necessidade. Um furgão demasiado grande para passar despercebido e os receios das dificuldades com a sua passagem.


O nosso querido Zé Periquito, companheiro da 5ª Missão, relembrando uma difícil situação do seu passado de aventura em Marrocos, com toda a preocupação nos alertou para as previsíveis dificuldades a ultrapassar (ou não) VENCEMOS, doce amigo!

Formalidades cumpridas na fronteira de Tanger, um chefe de alfândega já encontrado noutras viagens, sem fiscalização às cargas, em tempo recorde, aí está a expedição em terras do norte de África, rumo à aldeia piscatória de Moulay Bousselham, a uma belo jantar e ao merecido descanso ‘dos guerreiros’.

Não se iluda quem ler esta crónica; nem sempre Allah está atento e facilita o apoio ao seu povo.


Primeiro dia e primeiros desafios superados mas muitos outros, mais complicados, nos vão esperar ao longo da comprida semana de mais de 5000 kms que nos separa de Bissau.
O Hotel «Le Lagon» inserido na paisagem, em balcões escarpa acima, não estando no melhor estado de manutenção também não estava mal de todo. Como saímos de casa ontem possivelmente ainda haverá quem se não tenha apercebido que estamos em África.



«Ainda?» opiniões convergentes afirmam que «foram e voltaram» sem perceberem para quê.
Já raiou a manhã fresca do dia seguinte, nublada e húmida pela presença do Atlântico e da imensa lagoa de águas cristalinas; pessoas exigentes mesmo aguçando a crítica não conseguiram negar a beleza da paisagem.
Como acontece em todas as viagens NUNCA se consegue iniciar cada dia de viagem à hora previamente estabelecida para a partida; ou porque alguém dormiu mal ou porque não acordou a tempo, ou porque na véspera não tinha verificado ‘qualquer coisinha’ (sem importância) na viatura tal como meter combustível, ou… ou …

Destino Marrakech pela auto-estrada de Kenitra. Campos de cultivo verdejantes testemunhos da prosperidade das populações protegidas pelo RIF. 
Bom andamento deu a possibilidade de chegarmos com tempo para visitar rapidamente a cidade, fazer compras no souk da grand-place Jemal Al Fna e jantar no restaurante no terraço superior ao ar livre do Hotel Tazi. 
Outro dia longo com o objectivo de atingir Tan-Tan Plage.

Citação: São 7h30m quando saímos, Devíamos ter saído às 7. 
O boato de que a auto-estrada Marrakech | Agadir estaria praticamente concluída não era mais do que isso «boato», subindo, descendo, serpenteando, mais rápido ou devagar venceram-se quilómetros.

Ao sair de um posto de portagem, estupidamente, eu que nem conheço os ruídos normais ou anormais do motor do TD5 encosto no parque para que o Paulo verifique se está tudo normal.
Logo alguém alvitra que há avaria grave. Outro alguém sugere um cilindro isolado, Bem; sugestões não faltaram para nos deixar em perfeito ‘suspense’.
Na opinião do Paulo, depois de fazer uma verificação na centralina, haveria efectivamente uma discrepância num cilindro.
A seguir a Inesgane decidimos voltar a Agadir, procurar uma oficina Land-Rover e verificar a gravidade da avaria. Pois! Electrónica ninguém se atreve e sem equipamentos específicos e de origem nem o Paulo deixaria por a mão.

Paulo!! Reafirmo: Land-Rover é Land-Rover
e
5 cilindros para quê? O Terrano só tem 4 de origem e já foi à Guiné 3 vezes (riso)

Pois… GANDA MAQUINA ! foi e voltou e ainda por aí anda sem ter sido ‘hospitalizado’. Mudou de look e ficou mais genuíno ainda sem a bela capota de lona despedaçada pela micro-tempestade de areia. 
Susto? Sim susto e de que maneira!  A bela pintura de camuflado se não fora coberta por auto colantes talvez tivesse sido estragada na abordagem a uma ‘daquelas’ fronteiras mais quentes em que os sorrisos dos militares se misturam com espingardas automáticas.

E reclamação: os designers da Land-Rover deixaram os pedais mal posicionados. Não vou esquecer nunca mais a brutal travagem ao lado de um enorme camião na estrada de Thies quando decido fazer uma desmultiplicação de caixa. Preciso explicar?
A sério!! O Paulo e o TD5 são duas ‘pedras’ Adorei viver aqueles 20 dias ‘em família’.
Sem importância, afinal, serviu para a primeira cisão do grupo e as primeiras dissidências e contrariedades mas irrelevantes.
Deu-se o reencontro no Hotel em Tan-Tan. Devo um agradecimento pessoal ao Fernando Mendes que me reservou um quarto minimamente bom , abdicando do seu próprio conforto.

Mas a noite de sono teve de ser curta, quem ficou alojado nos bungalows não teve água de manhã, vindo a recorrer aos quartos dos outros elementos alojados na unidade principal.
Resultado: saída com atraso sobre a hora prevista para outro dia longo até Dahkla.

Sahara Ocidental – começa o forte controlo policial e aduaneiro.

A sacramental pergunta presente durante toda a viagem e em quase todas as barreiras policiais:
 – o que transportamos? se temos armas?
A sacramental resposta:
-  somos um ‘convoi’ humanitário não temos armas nem nos interessa a politica interna de cada país.
- e explosivos? Nesta deu para brincar a sério. O cansaço fez responder que o único explosivo seria a organizadora e nem quisessem saber o que aconteceria se não partisse de imediato.  Deu para partir logo, no meio de grande euforia dos senhores policiais.

A experiência passada ajuda muito. Há uma quantidade impressionante de «fiches police» aperfeiçoadas ao longo das diversas passagens e que actualmente se mostram absolutamente completas e eficazes.

Dá para imaginar o tempo que seria necessário para que os senhores agentes da autoridade inscrevessem nas suas «sebentas» todos os dados dos 21 participantes

                                          VEHICULE
IMATRICULATION_____MARQUE____MODELE_______  
DATE 1er. IMMAT. _____CHASSI  __________________
CIE.ASSURANCE  ______CARTE VERTE______________  
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CACHET D’ENTRÉE AU MAROC: ____DATE D’ENTREE___
PAR :  TANGER                             SEBTA 
NOM  __________PRENOM___________ 
PERE   _______   MERE  ______________         
DATE/LIEU NAISSANCE_____ ETAT CIVILE ____  
OCUPATION______________
PASSPORT____ DELIVRE____DATE____VALABLE__
ADDRESS _____  Portugal           ENFANTS ____  
DESTINATION :
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O dia avança e a caravana também, a bom ritmo.
Citação: «Trópico de Câncer! Descobrimo-lo apesar de não termos o GPS ligado
Correcção: Cerca de 3kms depois das fotos e da recolha das garrafas de areia estava sinalizado o almejado Trópico de Câncer – 23º 27’ mais metro menos metro – que é isso para quem…
Citação: «Já tinha tido tempo de me habituar à ideia de que o meu condutor tem um GPS na cabeça! Fez o caminho uma vez, no ano passado …» e decorou . 
Paragem em LaAyoune para um café, levantamento de dinheiro em ATM e um pouco de descontracção e convívio.
Furo!  diz alguém no walky-talky. Bolas! Estava a correr tão bem a perspectiva de almoçar no Bojador!

O furgão com algumas 3 toneladas de carga pregou a partida! Tinha sido todo revisto, inspeccionado e calçado de novo à frente. Acontece!

Regresso a LaAyoune porque parece demasiado risco seguir sem pneu suplente e com dois pneus duvidosos a rodar.
Azar! Hora de almoço e oficinas fechadas até às 14H30. Aproveitamos para almoçar e embirrar um pouquinho uns com os outros para aliviar o stress.

Mas um azar nunca vem só! Aproxima-se o almejado Bojador mas há que procurar mais uma vez uma oficina. O Mitsubishi está com problemas no alternador e vai ser de noite muito em breve. (sem luzes? Impossível!)
Mangas arregaçadas, aliás, batas vestidas, e aí está a fenomenal equipa técnica composta pelo patrão do Mitsubishi, o Paiva e a assessoria do Areal e do Bré em acção. E, bem! Pasmem! O Fernando até tinha um alternador de reserva!

Citação: 5º dia «Mais uma vez, já só vamos conseguir parar depois da meia-noite!»
Errado:
 à 1 da manhã chegamos a Dahkla.
O Regency esperava o grupo e tudo foi fácil e bom 
Um novo dia soalheiro e quente  novamente com bastante atraso metemo-nos à estrada
Vencem-se quilómetros, passa-se El Argoub, abastecem-se as viaturas e, como a estrada é boa, há que vencer quilómetros porque, para além de querer ultrapassar Bir Gendouz cedo (esta fronteira assusta-me especialmente), é moroso fazer a saída dos participantes com os respectivos registos informáticos de saída, carimbos nos passaportes na Polícia (somos 21) e o desalfandegamento das viaturas na Alfandega (9 viaturas interditas a serem fiscalizadas).


Etapa superada em tempo muito curto (embora nem pareça – as reclamações sucedem-se por quem nunca andou por estas paragens ou pensou tratar de uma excursão à Fonte da Telha). 
Terra de ninguém, nem de lagartixas, só de montes de esqueletos de veículos abandonados. Campo desafiador e perigoso, com aviso de minas em que muita gente não acredita.  Precisamos escolher a pista com menos areia para o furgão. É já ali mas parece tão longe. 
Como é hábito junto a estas fronteiras, vários ‘prestimosos’ guias nos assediam; um conhece o Fernando, ajuda-nos a contactar a Mauritânia porque os nossos telefones não conseguem completar as ligações. Por isso vai acompanhar-nos depois de bem discutidos os seus honorários.

E eis as portas da Mauritânia! 
O nosso amigo Yousouf contactou a Polícia e mandou que fossemos ajudados nas formalidades de entrada. O visto que não se obteve em Portugal não obstante todas as diligências apoiadas pelo Paulo Barata, é obtido e pago na fronteira mas com a validade possível de 3 dias. 
Os expert’s convictos afirmaram:
Citação: «Mauritânia eu vi logo que os vistos eram de 3 dias e que se não fossem prolongados em Nouakchott, não teríamos vistos à entrada»
Que arrependimento não lhes ter delegado a função; posteriormente, em vez de crucificada, muitos nos teríamos rido dos resultados. 
É assim, em todas as circunstâncias há sempre messias improvisados. O senão é a facilidade com esses messias manipulam mentes menos preparadas ou vedetismos.
Vamos encontrar o Yousouf ao PK 170 de Nouakchott que, por ter uma varia no seu Mercedes, vai viajar no nosso furgão até à capital, leva-nos ao hotel previamente marcado e, dado o adiantado da hora vai comprar-nos pizzas para cearmos no próprio restaurante do Hotel.

Fica combinado o regresso, garantindo-nos todas as facilidades logo que receba um telefonema nosso da fronteira do Senegal.
…mas alguém teve presente os acontecimentos políticos recentes?

Um novo dia, novo desafio – entrar no Senegal 
6º dia «10:30 - Ainda estamos em Nouakchott» Pois… 
Até à fronteira abundam os controlos e embora ‘o goudron’ não seja totalmente mau, rolar por estas paragens é viver ‘no fio da navalha’.
Citação: «chegamos a Rosso. Mandam-nos parar. Quando percebemos que não são polícias, passamos no meio deles e seguimos rapidamente.»
Mais um fracasso! Não consegui transmitir a minha preocupação (talvez com receio de assustar os mais jovens) mas Allah estava atento.
Vamos sair para o Parque Natural de Diawling (reserva de animais selvagens e aves), acrescento: zona de pântanos e de quantidade inimaginável de poeira fina e vermelha, irrespirável.
Nesta viagem até os animais ‘fizeram gazeta’ salvo uma ou outra cegonha ou pelicano, alguns javalis e muitos bois com todos os seus excrementos.
Mas esta atracção turística sem qualidade, sem apoios, sem manutenção, tem mesmo preço de turismo: € 10 «por pessoa», pagos à saída já sem hipótese de desistência.
Aqui quero deixar outros agradecimentos pessoais: Miguel Almas e seu Jeep Wrangler com ar condicionado – Mário Ribeiro e seu Toyota ignoro se com ar condicionado – obrigado pela quantidade monumental de poeira que nos fizeram ‘comer’ com as vossas ultrapassagens. 
Depois li qualquer coisa como «ter abandonado a carrinha na pista»; O furgão nunca teria atolado na areia sem ter havido qualquer situação anormal que desconheço. Afinal safou-se em cinco minutos. 
Bendito abandono para alguns
Citação: «Enquanto esperamos pela carrinha, que vem mais devagar, o Fernando enfia a mão no nosso frigorífico, saca a garrafa de Whisky e pinga para o copo de plástico que encaixou no tablier… Pequenos prazeres para esquecer a dureza do terreno!»
e depois de conhecido esse prazer talvez uma boa desculpa para as ‘tais’ atitudes que sendo ‘peixeirada’ não cabem neste blog e que não terão resposta  mas serão linearmente apagadas se aparecerem em comentário.
Fartos de pó e ultrapassagens juntámos a caravana à saída do Parque de Diawling já com o pagamento feito e prontos para partir sem perda de tempo. 
Espera-nos a saída de Rosso e todas as formalidades em Djama até atingirmos o objectivo de hoje – Saint Louis do Senegal.
Saída da Mauritânia sem incidentes, dentro da habitual normalidade da profusão de guardas a armas automáticas, preenchimento de formulários e formalidades
Vá lá! Uma grande simpatia… não verificaram os números dos chassis. 
Registos, carimbo dos passaportes na Polícia de Birette pagamento de €10 por pessoa; 
Registo das viaturas na Alfândega e pagamento de € 10 por viatura ; 
E pagamento de €10 por pessoa no barraco da Comuna de N’Diago (nunca entendi bem que verba é esta mas um velho negro com aspecto de ‘cão de fila’ está atento para que não lhe escape ninguém na contagem). 
Há anos que estas entidades descobriram os € (ouros) e estabeleceram estes valores; não utilizam a moeda local (ouguyas  1€ = 350 OU ou Francos CFA 1€= 650 CFAs)


DESTINO SENEGAL por DJAMA

A seguir «a ponte com portagem» outro «cão de fila» a recontar as pessoas e outra vez €10 cada uma. 
A passagem da fronteira
Este ano não foi preciso ir à aldeia ‘a casa’ do chefe.
O nosso jovem amigo Majoup apressou-se a esclarecer que tinha informado o chefe da nossa passagem. 
Eis o chefe! 
A pessoa mais matreira que conheci em toda a vida, não obstante nacionalidade ou cor da pele. Forma de falar lenta e tranquila mas obstinada e difícil de argumentar. É o ‘grande chefe’ ; grande mesmo, em tamanho e astúcia.
Para atravessar o Senegal ‘este chefe’ manda emitir um Passavant por cada viatura, cujo custo facial é de 2.500 CFAs. (1€ = 650 CFAs)
 Aos participantes foi solicitado que permanecessem junto às viaturas; é difícil, está calor, já foram martirizados com o tempo imenso que parece não correr, na fronteira em Birette 
Mas o momento crucial é aqui.
É do livre arbitro deste ‘grande chefe’ a autorização e a forma como vamos atravessar o Senegal.
Informado de que se trata de um ‘convoi’ humanitário com destino ao antigo território português da Guiné-Bissau, transportando material hospitalar, roupas, material escolar e alimentos para crianças em risco de vida, apoiado por instituições portuguesas que seguem atentamente a progressão da Missão, mostra-se sensibilizado e congratula-se com a louvável iniciativa. (até fez lembrar os filmes do «Padrinho»)

Como prova da sua boa vontade vai ajudar-nos a atravessar o Senegal em segurança com uma escolta policial que irá requisitar ( e que teremos de pagar, para além de € 200 por cada viatura).
Impensável! Uma escolta durante 4 dias e 3 noites? O ‘grande chefe’ tinha ultrapassado a sua própria imaginação.
Sentindo-se como uma bomba de relógio na contagem decrescente mas avaliando que tem que manter a situação controlada, não deixar apagar o sorriso, aparentar toda a segurança e confiança em si, dialogar sobre tudo e nada, continuar a sorrir, brincar com a situação, mostrar não ter pressa mas estar cansada, continuar a sorrir… e lançar de repente: «impossível! Só temos dinheiro para comida e combustível para chegar à Guiné-Bissau; não temos capacidade para desfrutar da segurança de uma escolta como nos agradaria muito. (tão safadinha quanto o ‘grande chefe’!)

Volta-se a ‘serrar presunto’ continua-se a sorrir; até há umas lembrancinhas para o ‘grande chefe’ pensando em 2008 (e que problema tivemos!! mas já esquecemos), somos pessoas de bem e compreendemos que nem sempre as coisas são fáceis! Brrrrrrrrrrr!
Resultado: Negócio fechado com o pagamento de € 50 por cada Passavant de cada viatura e nada de escolta. Ufff ! – afinal foi o mesmo que pagámos em 2008. 
Agora só falta o resto – a inspecção às viaturas.
Tudo bem! O furgão tinha sido estivado pela Lima;  pas  problem. Vens vistoriar o furgão, vais ver que só tem alimentação e roupas e seguimos sem mais demoras porque precisamos chegar a Saint Louis para jantar.
A sacramental pergunta: tens medicamentos?
A sacramental resposta: com este calor achas que podemos transportá-los?

Pois… com o furo no pneu do furgão, com a pseudo-avaria do TD5. com…com…com…a carga tinha sido toda baralhada.
Com toda a segurança convida-se o ‘grande chefe’ a escolher a caixa que pretende que se abra e que deveria ser leite em pó, arroz, sabão, brinquedos. Pois…
Citação: « Na alfândega perguntam se transportamos medicamentos. Quem? Nós? Claro que não! Querem abrir o furgão. A Leonor negoceia a abertura de algumas caixas que eles escolhem. Primeira caixa: medicamentos! Segunda caixa: computador! Terceira caixa: soro fisiológico. »

Pois… Um caixote de caixas de bisnagas de pomada! Medicamento? Qual nada! Simplesmente creme para o rabinho dos bebés doentes, na muda da fralda (quase se fez saltar uma lágrima de compaixão)
ESTAMOS NO SENEGAL
Destino: Jantar e dormir no HOTEL DE LA POSTE – mas não sem antes haver um incidente (tem sempre que haver aqui um incidente com a polícia porque esta é a sua segunda fonte de receita), não se consegue nunca prever o que nos vai sair

Citação:  Polícia gago, muito indignado, pede as cartas internacionais de condução “definidas pela convenção de Genebra de 1968” e recolhe as cartas de condução, que… não são internacionais! Mas lá escapámos, não sei como.
«(o Fernando diz: Ah! Isso já é muito antigo, já não usamos na Europa!)»
… EU SEI!  … !  Paguei ao ‘diligente e gago elemento da força policial € 5 pelo resgate de cada carta de condução e fiz um homem feliz.

«Li algures - não se subornou ninguém, comprou-se tempo. 
Valeram as muitas recomendações sobre excessos de velocidade, cintos de segurança, traços contínuos, prioridades.
Mais um dia de almoço piquenique porque precisávamos avançar no terreno para evitar as únicas e péssimas acomodações existentes até Tambacounda e também assim ganhar um dia de viagem. 
Houve incidentes de pouca monta sem consequências e descritos na Crónica da Visão do 7º dia pela Cristina Monteiro
Citação:  o Miguel Almas vai ao seu jeep e traz uma garrafa de vinho branco gelado. Distribuem-se copos de plástico (!) e gravo mentalmente um momento que, penso, nunca vou esquecer: fim de tarde na savana, calor e vinho branco gelado.»
Pedi muito mas, com pena, não consegui obter uma foto do interior do Wrangler. Afinal não tinha valido a pena… se fosse só o Wrangler !!
Tinha sido proposto  rolar com ritmo mas com cuidado porque haveria troços de estrada que não seriam mais que «restos» da mesma. Não houve muita preocupação de alguns participantes em seguir as informações dadas e deram-se os consequentes atrasos. O furgão recebeu as culpas, o M.La Valise é tranquilo e nem «estrebucha».
Aqui a estrada é tão rarefeita como o oxigénio da ‘espécie’ de ar que respiramos e a que deveríamos antes chamar poeira. A via para Tambacounda.
Mas afinal todos ficaram de parabéns. Chegamos bem e a horas de escolher jantar ao Hotel NIJI (recomendado e reservado pela Peggy do Hotel de La Poste) que, para variar, até parece que agradou a todos. Pudera!
Depois do que se livraram só com o sacrifício de andar mais uns quilómetros nos últimos dois dias. 
Citação: Almoçamos em Velingara, no "complexo turístico" onde deveríamos dormir e que nos obrigou ontem a um esticão de estrada para evitarmos passar cá a noite. Pedimos para ver os bangalows... Não sei descrever a porcaria encardida das paredes, do mobiliário das casas de banho.  Um pesadelo.
…e eu não disse? 
Está calor mas vamos esforçar-nos para fazer a ‘picada’ para sair do Senegal, até à fronteira de Pirada (Guiné-Bissau). Não foi muito sacrificante talvez porque se sente já a aproximação da conclusão da Missão.
A saída do Senegal foi fácil (até parecia que se queriam livrar de nós). Pouco mais à frente, saindo da poeira, uma tabanca, uma boa sombra e um posto policial sem ninguém dentro. Espera-se… eles têm todo o tempo do mundo! 
Finalmente chega o funcionário, lento, encalorado mas lá se dispõe a carimbar os 21 passaportes.  Mais à frente a alfândega, fichas, sempre mais fichas mas 
FINALMENTE LIVRES E A ENTRAR NA GUINÉ-BISSAU COM A NOSSA PRECIOSA CARGA. 
Final ainda não! O chefe chama de volta, falta ir a outro barraco… afinal foi só dizer olá ao ‘castanho’. 
Seguimos por Gabú, Bafatá, Bambadinga, Nhacra e Uaque.
O complexo turístico de Uaque que nos aguardava (amanhã) dista 45 km de Bissau; é noite. 
À frente segue o Furgão, o Lau tem residência na Guiné e boas condições para orientar a coluna de viaturas, fala crioulo e supostamente conhece a estrada. Supostamente!
Barreira policial; e que barreira e que elementos! Embriagados? Drogados? Ou as duas coisas! E com as ‘benditas’ kalash bem aperradas!
O Lau lá conversa umas ‘tretas’ esfarrapadas mas lá baixam a corda e seguimos para Uaque.
Bendito Uaque! Viu-se a placa, avisou-se pelo intercomunicador, seguiu-se sempre…até voltar para trás e desesperar – a barreira policial aproxima-se e não podemos voltar a ser vistos! Sentidos todos em alerta, placa de Uaque; o complexo turístico é logo à entrada (ou saída?) de que lado? Uma estrada sairá na perpendicular. Uma estrada! O TD5 entra e vai rolando até… lado nenhum.
Volta-se ao alcatrão, vemos luzes ao fundo de outra estrada de terra; os outros já vão entrando. Uaque finalmente!
 O complexo é dirigido desde há um mês pelo irmão do proprietário, um empresário do Entroncamento amigo de amigos.

O Felipe recebeu-nos com toda a cordialidade embora tenhamos chegado com um dia de antecedência. Dos 11 quartos reservados só nove estavam livres.

O Lau com a sua habitual descontracção vai buscar a sua «bajuda» e ocupa um quarto deixando ‘pendurado’ o seu habitual companheiro ‘o bajuda’. Dos 9 restam 8 e continuamos a ser 20.

Procuram-se soluções, é difícil chegar a consenso. O Felipe disponibiliza a 2ª cama do seu bungallow e o Bré aceita; o Barata acolhe a filha no quarto dos pais, sobra a Cristina para mim.
O João, o Ricardo, o Vítor  e o Mário partilham um bungalow. O Hugo, normalmente companheiro do Bré, também contrariado fica com o Rui e o Esteves. O casal Brandão está instalado, o Areal e o Paiva também. O Domingos, o Miguel e o Fernando ficam juntos.

Descobriu-se posteriormente que havia ficado um bungalow vago.
No segundo dia quase se repôs a normalidade. Quase… porque por decisões próprias o Barata continuou com a filha no seu bungalow deixando a Cristina ‘pendurada’ e os 4 rapazes continuaram juntos por economia.

Uns dormiram bem, outros foram dormindo, outros pelo contrário.

No final estabeleceu-se a confusão porque o preço estabelecido dormida e pequeno-almoço, por pessoa, era de € 19 mas para a ocupação mínima de 2 pessoas. Os 4 pagaram por 2 e lá se arranjaram as contas com descontentamento de alguns por meros ‘tostões’ e um jantar gratuito com ostras grelhadas e batuque tribal.

Já foi contactado  Frei Victor, médico dirigente do Hospital de Cumura


e a Irmã Eloisa das Irmãs Franciscanas Hospitaleiras que nos esperavam ansiosamente

Manhã cedo rumamos a Bissau  e à Missão de Cumura. Merecemos qualquer castigo porquanto, sem entender, foi-nos aplicada uma penitência. O ‘missionário com o GPS gravado na cabeça’ inusitadamente deixou o alcatrão, seguido de todos os Totós, andou pelas tabancas, entrou em  becos mas, bem… finalmente voltámos ao alcatrão – afinal o Hospital era mesmo logo ali. 
A Irmã Eloisa esperava-nos. Procedeu-se à descarga da espantosa quantidade de bens que se tinha conseguido enfiar nas viaturas e que FELIZMENTE, depois de passarem ao lado do controle de inúmeras barreiras alfandegárias, conseguiram chegar intactas ao destino.

Este blog não tem por objectivo nem culpar nem desculpar ninguém. É um relato que pretende ser isento mas onde estarão apontadas boas e más atitudes.

Aponto uma falha à organização – não houve uma atitude suficientemente rígida e intransigente de forma a evitar palpites e protagonismos.

Dias antes da partida foi distribuída, via internet, diversa documentação, normas e conselhos para  bom desempenho de cada participante. Lamentavelmente essa documentação não mereceu a mínima atenção e do facto se deu conta quando se trocavam impressões e ninguém sabia coisa nenhuma.

Foi feita uma listagem que aconselhava o posicionamento das viaturas no convoi, lista feita com base no conhecimento ou das viaturas ou dos condutores. Muitos dissabores teriam sido evitados se tivesse sido respeitada ou mesmo discutida.

Houve tempo para instalar a fotocopiadora de alto rendimento oferecida pela XEROX 
E de um computador completo dos cinco preparados pela Associação Bem-Haja.net

Eram horas de almoço, a Irmã Eloisa transmite-nos um convite para almoçarmos corroborado por Frei Vítor. Para agrado de todos, aguardamos no fresco no pavilhão da fisioterapia. 
Em pouco tempo o almoço preparado pela Irmã Germana em Antula estava a ser servido em Cumura. Mesmo descrente quase acredito em milagres… que não são mais que o cumular da boa vontade com a amizade. 
Reservou-se no furgão os bens especificamente destinados à Missão de Antula. Depois de almoço rumámos a Antula. 
Havia uma máquina de costura, acessórios, tecidos e linhas oferecidos pelo CITEX que  nosso Areal iria entregar e dar instruções à Irmã Ester.  Já estava instalada a máquina de costura que o Carlos Rodrigues, participante de uma missão anterior da TTT, tinha feito chegar por contentor há poucos dias.
Mais uma situação superada. 
MISSÃO CUMPRIDA
e
UM DIA MAIS EM BISSAU

Partir e aproveitar esse dia numa qualquer praia ou ficar em Bissau e visitar por exemplo Varela ou Bolama? 
Era suposto sermos recebidos pelo Reitor da Universidade Lusófona, Eng.º Montenegro Mascarenhas, porque éramos portadores de uma missiva de apresentação e de um livro de oferta. Depois de diversas dificuldades de contacto telefónico e consenso de oportunidade, não foi possível efectuar esse encontro. 
A hipótese de navegar até ao arquipélago de Bijagós foi logo a que mereceu total entusiasmo. O Felipe já tinha feito os contactos locais e rumámos ao embarcadouro para uma prevista partida pelas 10 horas. 
Desilusão: baixa-mar  e o ferry em seco. E que ferry! Parecia saído de um qualquer sucateiro tal era a sua aparência.  Segurança a bordo, coletes salva-vidas, baleeiras – claro que não! 
Começa o drama! Tinham-nos dito que a duração da viagem até Bolama seria de cerca de pouco mais de uma hora. Agora, bem conversado a viagem levaria mais de três horas para cada lado; avaliava-se que só haveria água suficiente para o ferry navegar lá pelas 14 horas.  Impraticável!

Discussão com o indígena que argumentava já ter comprado o gasóleo para o barco mas como os € 500 que se tinham combinado ainda estavam na posse do Felipe, pois, temos pena mas… nada de viagem. 
Há sempre alguém mais obstinado em não encarar a realidade e lá partiu um grupinho para Quinhamel à procura de uma suposta lancha rápida mas viu também gorada a sua intenção de alcançar Bijagós. 
Uma passagem pela RTP África para perceber o silêncio dessa estação noticiosa e com as dificuldades de contacto telefónico, mesmo com um telemóvel local, não se conseguiu oportunidade para a recepção na Universidade Lusófona de Bissau, como havia sido agendada em Lisboa. 
Um dia perdido, ou talvez a descansar, no complexo do Uaque.

E assim se CONCLUIU A MISSÃO COM TOTAL SUCESSO


O regresso poderá ser uma forma diferente de fazer férias. A pressão e a responsabilidade do transporte de todos os bens estavam ultrapassadas; e organização considera-se, a partir de agora, desmobilizada embora gostasse de, por razões de segurança de cada um, que o grupo se mantivesse minimamente unido até à entrada da fronteira de Marrocos.

CRONICA DO REGRESSO




O REGRESSO

Os mais de cinco mil quilómetros para chegar ao destino foram, por vezes, dolorosos

O regresso, já sem um objectivo desafiador, vai ser bem mais difícil. Embora se torne muito mais fácil viajar com os carros vazios o voltar a enfrentar as fronteiras, os controles, calor, poeira, são elementos desesperantes. e carimbos dos passaportes e nalgumas fronteiras voltar a pagar. 

DESTINO GAMBIA

Despedida do Complexo Turístico de Uaque


com uma lágrima, já de saudade, do Felipe. O Felipe ficou a merecer o meu carinho, pela sua dedicação e amabilidade, pela sua preocupação no nosso bem estar e em nos proporcionar o melhor que estava ao seu alcance. Talvez um dia possa aceitar a tua proposta e ser tua convidada por uns dias.

Carros abastecidos, e a andar porque vamos ter de enfrentar duas passagens em ferry e as fronteiras de saída da Guiné, entrada no Senegal,  na Gâmbia, alguns 20 kms de pista de poeira e saída da Gâmbia.

GPS apontado a Bissora, travessia do Rio Cacheu em S. Domingos

Tentativa de ‘inaugurar’ a ponte construída por portugueses com o privilégio  do nosso companheiro Paiva ser amigo do Director de Obra. Não foi possível por razões burocráticas porque a ponte está mesmo pronta; atravessou-se de jangada.

Saída por Ingore, com as habituais formalidades facilitadas por conhecimentos «entre mulheres»

Mais uma travessia mas agora num ferry bastante melhorado

Entrada pelo Posto de Senoba com relativa facilidade.

Casamance vive um período tranquilo.
Almoço em Ziguinchor na unidade turística onde pernoitamos em 2008.

Houve diversas más opções e neste trajecto assinala-se uma: não é prática fazer quilómetros à toa sem prever previamente onde passar a noite. Depois aparecem as queixas da difícil condução nocturna, cansaço e os perigos daí resultantes. Pois… a tal falta de rigidez já confessada!!

Decidiram chegar a Kaolac. Hotel? Sim, conhece-se o Hotel de Paris mas--- não há reserva e vamos chegar muito tarde. Depois se verá.

Em 2008 alguém disse ter atravessado os 20 kms mais caros do mundo.

Temos agora à nossa frente a travessia da Gâmbia, alguns 20 kms de pista de poeira. A travessia da Gâmbia não teria nenhum interesse para além de dar a conhecer o país aos  participantes.

Entrada por Suma, pagamento  na alfândega do equivalente a 500 Dallasys por viatura. Saída por Parafenni.

A moeda corrente Francs CFAs vigora, a partir do Senegal, em toda a União Oeste Africana. Com um calor tórrido, um enxame de moscas, ‘moscas’ e outro enxame de moscas ‘humanas’ tentavam vender Dallasys com o argumento de que o pagamento dos vistos em CFAs seria muito mais elevado.
Apresentaram contas de câmbios, sem fim, porque não aceitavam a nossa recusa. Óbvio, esta é uma das formas de ganhar a vida em todas as fronteiras.

Teimosa e maufeitio levou adiante a decisão (depois de consulta a outros elementos) de usar CFAs.


Não dá para entender a escolha deste percurso, mais longo, mais perigoso, fugindo a Banjul e a algum alcatrão.
A Gâmbia não é um percurso seguro; há guerrilheiros que se confundem com tropas regulares e há sempre o risco de pilhagem ou pior.

Estrada satisfatória e chegada noite alta a Kaolac e ao Hotel Paris; completo. Este facto ou o adiantado da hora abriram o apetite aos nossos GM (grandes missionários) e ali mesmo se improvisou piquenique, para alguns (efectivamente não tinha havido oportunidade para jantar).

Entram em acção Paulo Barata e Fernando Mendes e depois de várias buscas e muito cansaço lá se arranjaram duas ‘hipótese’ e o grupo dormiu separado. Para espanto, pela manhã, procurando pequeno-almoço, encontrámos um belíssimo hotel mesmo … ali ao lado!

Novo dia, nova jornada –  Gossas, Diourbel, Thiès,  destino Hotel La Croix du Sud  Dakar.

O grupo dividiu-se; a cisão era já facto consumado mas não era preocupante desde que nos fossemos reunindo nos espaços críticos.

O GM Areal Maia queria conhecer o Lago Rosa, vários aderiram e foi compensador brincar (e atolar) nas areias soltas da orla marítima.

Outro dia, pequeno almoço no Hotel, abastecer as viaturas e visita à DAKARNAVE onde os nossos companheiros Mário e Vítor eram esperados pelo seu patrocinador da viagem. Momentos agradáveis para a fotografia.
Bons companheiros o Mário o Vitor, muito jovens mas muito seguros de si; arrojados na sua condução e de trato agradável. Boas fotografias e boa disposição.
Pena não ter tido oportunidade de aproveitar melhor a sua convivência mas o peso da responsabilidade das «preciosas cargas» (participantes a bens) porque me tinha responsabilizado não facilitou.
Uma menção a outro GM - o Esteves 'bajuda' - bom companheiro, sempre conformado, sempre com uma piada ou brincadeiro sobre tudo e nada e ...sempre lá! também com ele perdi oportunidades de convivio saudável.

Um grupo faz o ‘tour’ de Dakar, sempre em movimento, já com destino a Saint Louis.

Os veteranos descobriram um DAKAR diferente visto pela costa norte; sem a sujeira e os abutres do porto mas com um Atlântico magnífico e belas casas na falésia. 

Vamos sai cedo de Saint Louis. No ar sente-se uma calma aparente com desfiles de contestação.

A situação política ou social dos países que atravessamos não nos interessa. Preocupam--nos  sim os inconvenientes que nos podem causar.

À chegada ao Hotel a Cristina Monteiro e uma parte do grupo ficou no passeio observando o desfile dos manifestantes; quando terminou percebeu que lhe tinham roubado o telemóvel. Alguém afirmou também que, a tempo, tinha deitado a mão ao bolso onde guardava a carteira. Teve sorte, tinha sido a tempo.

A polícia está a vedar a rua ao trânsito e obriga parte do grupo a contornar pelas ruas secundária; houve aqui uma discrepância do Fernando Mendes que não deu para entender mas, como eram já frequentes, não são importantes.

Na estrada rumo a Djama.  Formalidades cumpridas dentro da normalidade e normalidade é pagar… voltar sempre a pagar.

Entrada do Parque de Diawling, novamente € 10 por pessoa. Discute-se, consegue-se que os jovens não paguem. Foi uma vitória!

Pó e mais pó mas progride-se rapidamente; estamos quase a deixar para trás o Senegal; pensávamos nós.

Começa-se pelo posto de Polícia para carimbar os passaportes; Majoup acompanha-me e esteira-se numa tarimba; o senhor agente quer ser simpático e galanteador; o fumo é tão denso que os passaportes e a portadora saiem a cambalear.  Mas o custo do carimbo de saída foi discutido e reduzido.
Segue-se a alfândega, sem nada a declarar; faz-se a saída dos veículos.
A ‘bendita’ ponte com portagem e nova discussão – há que pagar! Passamos.


MAURITANIA – Tão perto mas tão longe

Há dois dias que insistentemente tento ligação telefónica com Yousouf, sem sucesso. Estou crente que da fronteira, sendo já uma chamada dentro do país, se vai conseguir comunicar.
Telefone inacessível leva a comunicar com Brahim e a terrível informação acontece: Yousouf viajou para Portugal.

Não obstante todos os ‘mensageiros de desgraça’ digam… eu não disse!!! Há que manter calma e procurar a solução para o grande problema de entrar na Mauritânia sem vistos.

Quem se lembrou?

…alguém teve presente os acontecimentos políticos recentes?
2008 Agosto 06

Chief of state: Gen. Mohamed Ould Abdel AZIZ, President of Military High Council of State (since 6 August 2008); note - AZIZ deposed democratically elected President Sidi Ould Cheikh ABDELLAHI in a coup 
head of government: Prime Minister Moulaye Ould Mohamed LAGHDAF (since 14 August 2008) 
cabinet: Council of Ministers 
elections: following the August 2008 coup, the Military High Council of State pledged to hold a new presidential election and subsequently scheduled it for June 2009»


A Mauritânia é governada por uma Junta Militar e tem eleições marcadas para o próximo mês – as tropas e a oposição têm perspectivas diferentes. Há diferendos e partidarismos internos e actualmente nos países estrangeiros não há legalidade na concessão de vistos.

Yousouf pensava viajar com os GM no regresso a Portugal mas teve que precipitar a sua partida.

Contactado em Portugal através do Instituto Luso-Arabe de imediato ‘tentou’ ajudar-nos mas sem sucesso.

Entretanto na fronteira procura-se solução. O facto de sermos amigos de Yousouf não nos estava a ser favorável.

Calma, há que manter a calma mesmo sem a compreensão e ajuda de alguns companheiros.

O agente policial responsável parece satisfeito com a situação que está criada. A um suspiro incontido apressa-se a perguntar se algo incomoda na Mauritânia. Um sorriso… e… claro que sim, senhor agente, o pó do Senegal!!

Bingo! Conseguiu-se dar a volta ao senhor agente que garante ajudar-nos o máximo dentro das suas possibilidades.

Telemóvel na mão e contacto a Bango ao Hassan. O Hassan vai resolver o nosso problema, vai arranjar-nos os vistos o mais rápido possível --- dentro de 24 horas! Azar! Hoje é sábado, fim-de-semana Islâmico (sexta-feira e sábado) só amanhã domingo o Ministério do Interior da Mauritânia em Nouakchott estará aberto para nos enviar a autorização de entrada via fax.

24 horas. Uma eternidade! (e as 24 horas da história Bijagós nem foram longas!)

Temos que reentrar no Senegal. Sem problema; não há formalidades e amanhã voltaremos a sair. Não fomos os primeiros apanhados por esta situação nem seremos os últimos; assim nos garantem para nos consolar.

Rumo a Bango e depois de algumas hesitações lá se descobre o Auberge e o Hassan

HASSAN  MAIGA «  le touareg un homme du désert»
Sentindo-se o desagrado e desconfiança de quase todos, tivemos um acolhimento impecável.
O Hassan prontificou-se a enviar por fax a listagem dos GM para Noaukchott e usar todas as suas influências para obter os vistos o mais cedo possível.

Teríamos que voltar a pagar os vistos - outros €61,50 por pessoa, um aproveitamento da situação incontornável.
Hoje, em Lisboa, obtêm-se novamente vistos para a Mauritânia
Contacto: Sr. Avelino - Tlm: 916 309 875 
O Hassan dizendo que para nos ajudar cobraria apenas € 10 por pessoa pelo jantar e alojamento. Como se não soubessemos o 'belo negócio' que está a fazer com um auberge à beira da fronteira.
Dispunha de 2 quartos com casa de banho mais um sem casa de banho; poderíamos dispor do acampamento e da tenda berbere que se apressou a mandar montar. Havia mais duas casas de banho e água (quente) com fartura. Tudo era satisfatoriamente asseado.
Para deleite de alguns havia dois computadores com acesso à internet (gratuitamente)
E um jantar tipicamente árabe com que todos se empanturraram.
Parece que ‘uns’ gostaram demais desta paragem , tiveram oportunidade de viver uma noite numa tenda berbere, conviver de perto com gente local
’uns’ tiveram discoteca para descomprimir
‘outros’ deveriam criticar menos e prestar mais atenção às ‘feromonas’ e ao ‘eterno feminino’ em desespero
‘Outros’  ainda não perderam a cabeça mas ficaram com ela ao contrario
Uma blague  inconsequente,  Miguel mas fruto de um instantâneo de um fotógrafo que estava lá.

Tanta incompreensão e critica destrutiva, quanta maldade demonstrativa da má formação e falta de princípios de algumas pessoas arvoradas 'em bem'. Pessoas que conspurcam a palavra amizade, camaradagem, apoio e até humanidade.
Só o vedetismo, o uso da Missão e dos meios de comunicação social, a utilização da credibilidade das entidades envolvidas para proveito próprio, parecem ter motivado a adesão a uma acção de voluntariado.
Felizmente que se refere uma minoria mas mesmo assim, talvez pelas acções humilhantes e sem dignidade, não vai acontecer se houver outra Missão, aceitar inscrições de quem não tenha cumprido um calendário nacional de actividades. 
Nunca foram prometidas facilidades; pelo contrário, sempre se afirmou que a viagem não era isenta de riscos  e embora tentando salvaguardar todos os imprevistos, qualquer coisa poderia correr mal.
No final e contra os maus agoiros a autorização do Ministério do Interior via fax chegou no final da manhã. Contas feitas com o Hassan e estamos livres para voltar à estrada e seguir rumo às fronteiras e depois a Nouakchott.
Alguém desnecessariamente desconfiado exigiu a companhia do Hassan até à fronteira indo ao exagero de alvitrar que só lá se procederia à entrega do dinheiro. Foi uma ofensa que originou uma dura reacção, compreensível. O Hassan acompanhou-nos até à entrada da Mauritânia só se despedindo depois de estarem as formalidades de entrada cumpridas.
Vai ser um dia longo até Nouakchott. Ora mais juntos ora separados, progride-se com ritmo e chega-se antes da noite fechar.

SURPRESA  à chegada ao Hotel Halima. Confirmaram-nos as reservas não obstante termos chegado um dia mais tarde. Os primeiros a chegar fizeram check-in e houve quem subisse de imediato ao quarto. Os outros pararam à porta do hotel e informaram que iam à procura de alojamento mais barato.
A reserva tinha sido feita a conselho do Fernando Mendes que conhecia  Hotel da viagem de regresso em 2008
http://correratrasdesonhos,blogspot.com
Cap.3º :<<
Convém deixar a informação e conselho a futuros visitantes desse Hotel: levem uma faca de mato.  Foi bem útil ao nosso companheiro Jorge que passou parte da noite a matar baratas ( cafar ou cucarachas)  à facada. No stress Jorginho!!! Isto é a Africa que querias conhecer!>>>

Se está certo procurarmos melhores condições, todos teríamos o mesmo interesse. O que se depreende é que os outros na dúvida de chegarem a horas de poderem procurar outro alojamento rumaram ao Halima,  Era cedo, foi fácil alugarem apartamentos para todos na rua perpendicular ao Hotel.
Teria a diferença sido assim tão significativa? Terá havido outras razões? Falta de ascensor ou ainda outras?
Os primeiros e os outros deixaram combinado partir cedo para se conseguir chegar a Dahkla passando ao lado de Nouahdibou.

Mais uma vez o cedo foi ilusório; uma das viaturas não tinha abastecido, houve que esperar.  Entretanto organizou-se almoço piquenique porque não iria haver tempo nem condições para almoço.

Faltava pouco para entrarmos em Marrocos..

Bir Gendouze e as formalidades. Eles têm todo o tempo; devagar vão carimbando os passaportes, sem entusiasmo porque já não esperam presentes. A alfândega só pode fazer a documentação de entrada das viaturas depois dos passaportes dos proprietários já terem  o carimbo de entrada. Isto torna o sistema ainda mais demorado.

Formalidades cumpridas e alguém alerta – o Opel está a ser revistado minuciosamente, até as garrafas plásticas que o João e o Ricardo tinham cheias de areia estavam a ser observadas.

Uma troca de palavras com o chefe da brigada fiscal e foi mandado concluir a fiscalização e seguir viagem.

A noite aproxima-se, ainda falta passar El Argoub.

O Mitsubishi do Fernando Mendes lança uma fumarada negra, está com problemas e tem que parar.  O Fernando e a Cristina decidem ficar na área de serviço (tem hotel) e pedir a assistência em viagem. Parte do grupo tomou conhecimento da situação quando a assistência em viagem já tinha sido activada.

Afinal... alguém, durante a viagem, tinha várias vezes afirmado que se houvesse expulsões o 'big brother' já tinha ido várias vezes. Quem diria? Afinal... até foi
Com alguém menos obstinado teria sido aconselhado chegar a Dahkla; eram muitas viaturas que se poderiam revezar no reboque, sem riscos. Mas deixa-lo não era problemático; o Fernando já tem os livros todos - só vai precisar de os ler melhor se empreender uma viagem semelhante sem apoio organizativo.
Não se pode deixar de comentar; as críticas feitas a outras viaturas, o receio que não 'aguentassem' a viagem... traduziu-se em 3 avarias sendo a última irremediável e impeditiva do normal regresso.  Nunca na vida ninguém sabe tudo e o auto-convencimento geralmente prega partidas - que haja proveito para futuro.

ESTAMOS EM MARROCOS  a que costumo chamar « o ponto mais ao sul da Europa».
Embora o Sahara Ocidental não seja isento de riscos eles são muito menores dos da África subsahariana. Ninguém se perguntou porque a TTT teria feito questão em fazer seguro de viagem por cada um dos participantes? Ou será que ninguém notou, no Ibis, a presença da representante da Seguros Zurich a prestar-nos apoio e entregar as apólices? Ela esteve no briefing e deixou a garantia de nos trazer de volta se fosse necessário. 
Com a declaração do Paulo Barata de ter decidido ficar dois dias com a família na praia deu-se a cisão definitiva no grupo dos GM. Não foi grave, era até demasiado evidente pelas atitudes de necessidade de independência de algumas pessoas.
Foi caricata a perseguição ao Hamer Simpson mas se conseguirmos não vomitar, como  'animação' talvez dê para rir
Uma informação preocupante já nos tinha chegado. Conhece-se o território suficientemente para não ter havido alarmismos desnecessários  -- há falta de gasóleo nas áreas de combustíveis-- só há gasóleo em LaAyoune...
Estamos num território em que uma fonte de rendimento é  contrabando de combustíveis e onde o gasóleo é o mais barato de toda a costa oeste africana.
Já vivi um filme semelhante numa expedição anterior - foi a própria 'gendarmerie' que nos arranjou gasóleo ( e nos ofereceu um almoço com lagostas). 
Mas, para maior tranquilidade, um SMS da Aurora Belo informava onde poderíamos abastecer já na estrada para norte.

O tempo pregou a partida ao Mr. Paulo Kafar! A proximidade marítima trazia um ventinho frio, o sol nem tinha coragem para aparecer. Talvez Tan-Tan Plage ou Agadir…

A partir de agora os chamados < resistentes> decidiram sair cedo rumo a Tan-Tan Ville.  Ao Rachid, por telefone, foi pedida a reserva de Hotel porque não nos tinha agradado o de Tan-Tan Plage na ida. 
O almoço no Bojador que havia ficado prometido na ida, realizou-se mesmo. 
 Rumo a Tan-Tan para mais uma noite, cansados, jantámos com pouca vontade e dormimos no Sable d’Or

Para nossa surpresa, já no final do jantar, vimos chegar o grupo restante que também pernoitou no Hotel.

As grandes dunas estavam ultrapassadas , estava desfeito o encantamento do deserto.
Os resistentes decidiram sair cedo para um almoço em Agadir, um passeio relaxante na marginal e chegar a Essaouira para jantar na cidade e dormir no Hotel Borj Mogador.
Foi a vez do Paulo Kafar 'dar a volta' ao polícia. Um 'tête a queue' improvisado sobre um contínuo na  bela marginal da' dita' praia mais bela de Africa e tunga! Colegas... entendem-se mesmo na linguagem gestual.
Cumpriu-se e o tempo chegou para tudo.
O grupo também jantou na cidade e permaneceu num hotel próximo.

O Paulo Barata ainda não tinha abdicado das tais férias com a família (com muita contrariedade da docinha Dany). Mas Allah favoreceu-a a ela; o tempo não convidava a férias e… Toyota na estrada rumo a casa.

Passagem rápida por El Jadida com visita ao forte português.

Auto-estrada para Tanger, viagem muito rápida, é muito mais simples rolarem dois carros que uma caravana de oito (mesmo sem intercomunicadores).

Paragem para almoço numa área de serviço; belo almoço e bem descontraído.

Surpresa… surge parte do grupo também para almoçar.

O dia rende… Tanger à vista e

O último erro desta viagem

O Paiva e o Bré estão sequiosos das suas «meninas» ai-ai!! O que as mulheres fazem aos homens!!

Podia ter corrido mal. Contra minha opinião, mas sem a tal firmeza a que já me referi e de que me arrependo, opinião também do Areal,  decidiu-se, mesmo assim, atravessar o estreito.

Paragem na bilheteira da COMARIT . 


Apontam-nos para o fast ferry das 19 horas da FRS para Tarifa. Temos menos de 45 minutos para atravessar Tanger e entrar no embarcadouro. Duvido! Há outro ferry às 21 horas.

Guerra de nervos para vencer o trânsito; a TD5 transformada em carroção é agressiva, consegue intimidar os destemidos mouros e chegamos à entrada de alfândega em cima da hora.

Há que carimbar passaportes pela última vez. Tudo é lento para a nossa pressa mas a fila para embarcar é tão grande que as possibilidades são nulas. Ficamos no cais para o ferry das 21.

Pois, o ferry das 21 nem era fast nem saiu às 21, nem às 22, nem às 23…saiu no dia seguinte!

Parados no cais, sem poder sair, sem jantar, com o cansaço a vencer, roemos uma maçã, bebericamos um sumo. Bolas! Que estupidez de fim de festa!

Mas há pior

. Liga o Paulo Barata; está em Moulay Bousselham para dormir (sortudo!) mas não consegue levantar dinheiro na ATM .

Não tem provisão suficiente para comprar o bilhete do Ferry! Respira, sortudo! Na bilheteira da Comarit onde no ano passado compramos os bilhetes, têm pagamento automático. Boa viagem, companheiro.
 Fica outra informação: na área de serviço de Kenitra pode-se pagar o combustível com Visa e receber troco em Dirhams.

. Liga O Rachid; um dos GM deixou o passaporte no Hotel Sable d’Or em Tan-Tan Ville.
Não sabe dizer de quem mas nesta altura sou mesmo impotente para ajudar quem quer que seja.
Ainda tento várias ligações mas ninguém me atende o telefone.
Mais tarde o Lau comunica-me ter sido ele o 'infeliz'; correu mal na fronteira, correu mal para regressar a Tan-Tan (havia greves de transportes) mas correu bem... acabou por conseguir regressar com uma boa aventura para nos contar.

Não estou a sorrir... fez falta a 'porcaria' da organização:
- ao longo de toda a viagem, em todos os hoteis NUNCA ninguém entregou o Passaporte ou preencheu a ficha da recepção. Benditas Fichas de Hotel!
- em 2001 entrou e saiu de Marrocos 'um clandestino' que nem B.I. tinha consigo. Influências  e facilidades são para quem as tem.

Pior ainda

Chegamos a Tarifa já madrugada, vamos procurar hotel.
Percorremos o centro, todos «completos» Desistimos do centro, rumamos à Maison de Sancho, completa. Torre de La Peña, completa. Seguimos para Cadiz, percorremos o centro; não há alojamentos fim-de-semana e semana santa em Espanha.

O Areal e o Bré pareciam dois autómatos estremunhados. Pensou-se encostar numa área de serviço e dormir um pouco porque não tarda será dia.
E ainda

A bateria do Defender do Areal, estava a aquecer e antes de Cadiz ‘entregou a alma’. O Bré passa a bateria do Defender para o Toyota e liga a suplementar. Azar… também está  ‘nas lonas’.

Seguimos mesmo assim mas cada vez que se parar o TD5 terá que se por a trabalhar com os cabos e a bateria do Defender. Capicce?

Encostamos numa rua costeira muito iluminada; só dá para fechar os olhos e aguardar que seja dia para abastecer e continuar a rolar.

Passou quanto tempo? Pouco calcula-se. O Areal e o Paiva querem sair dali por não ser seguro. Viram uns matulões a partir retrovisores de carros estacionados.

Defender ao lado do TD5, cabos em acção – chega a polícia. São tranquilos os agentes, não podem passar mas esperam calmamente ‘o fim dos trabalhos’.

Área de serviço, a diferença horária com Espanha até deu jeito, abastecimentos e … estrada.
Foi muito duro mas chegámos a Campo Maior para almoçar. E rumámos a Tomar para depois seguirem até Miranda do Corvo e Maia.



FIM DE UMA MISSÃO E COMEÇO DE ALGUMAS AMIZADES.